A história do meu resgate

Olá, eu me chamo Goiaba! Sou um Beagle de quase 4 anos, danado, muito esfomeado e tenho uma história muito triste e feliz ao mesmo tempo.

Eu nasci em um lugar bem feio: no laboratório do Instituto Royal, em São Roque, local em que eram realizados testes em animais. Durante 6 meses da minha vida eu não soube o que era a luz do sol e muito menos o amor verdadeiro.

Crédito: G1
Crédito: G1

Vivia em um local frio, grande, cheio de paredes brancas, gaiolas e grades por todos os lados. Todas as pessoas lá usavam roupas brancas ou azuis, cheiravam a éter e álcool, não eram aquelas “dog lovers” que são carinhosas e amam os cães – disso eu tenho muita certeza!

Esse instituto usava cachorros da minha raça para fazer os testes, além de camundongos, que ficavam em outros locais. Em algumas partes do mundo existem laboratórios que fazem testes em animais, a maioria nos Beagles. Somos escolhidos por sermos bem dóceis, resistentes, com um porte adequado e sem muitas doenças hereditárias. Essas características, que deveriam ser boas, acabaram se tornando uma coisa ruim para nós.

Crédito: UOL
Crédito: UOL

No laboratório, o que víamos era cada amigo indo e não voltando mais. Então, quando alguém vinha pegar algum dos nossos, a gente já enfiava o rabinho entre as pernas, torcendo pra não ser o próximo.

Como cachorro, eu não entendia muito bem o que se passava lá, mas de uma coisa eu tinha certeza: não era algo bom, porque a gente ouvia os choros, gritos e latidos desesperados dos amigos, vindos de salas ao redor. E o desespero ecoava por todo o lugar.

Crédito: baudarenata
Crédito: baudarenata

Alguns cãezinhos passavam por nós tontos, exaustos e doentes. A gente via, mas não entendia o porquê. Outros tinham a língua cortada e recebiam injeções que a gente não sabia o que era. Mas o odor de álcool era forte, tanto que até hoje não posso nem ficar perto desse cheiro que corro pra outro lado e começo a latir feito louco! Tenho medo!

Testes com fumaça de cigarro
Testes com fumaça de cigarro

O instituto ficava em um sítio bem distante da cidade, escondido de tudo e todos. Não adiantava muito chorar, latir ou uivar, já que ninguém iria nos ouvir.

Como eu era um filhote, ainda estava na fila para ser testado. Meu pescoço foi raspado, fazendo um quadrado bem em cima dele. Um chip com uma numeração foi introduzido em mim. Tudo isso porque eu era apenas um número pra eles: eu seria mais um cachorro provavelmente envenenado e morreria depois de um tempo. Minha carcaça seria jogada fora, naquele caminhão, que vinha toda semana buscar os corpos dos que não resistiam.
Quantos amigos perdi naquele lugar…

Crédito: ativistas
Crédito: ativistas

A justificativa para esses atos de crueldade eram os testes de remédios e a busca para a cura do câncer. Mas a gente, mesmo sendo cachorro, sabia que eles injetavam veneno, agrotóxicos e outras coisas que faziam mal.

Só que tudo isso mudou! Hoje estou aqui para contar esta história porque um grupo de ativistas, anjos que adoram os animais, descobriram a crueldade que acontecia naquele lugar e ficaram lá na porta durante vários dias, protestando para nos salvar. Foi aí que eles contaram para os jornais o que acontecia lá dentro, sem que ninguém soubesse.

E depois de muito lutar para nos salvar, cansados do fato de nenhuma autoridade tomar uma atitude, eles resolveram agir na madrugada: invadiram o lugar e nos resgataram daquele lugar pavoroso! O que eles encontraram? Vários de nós dormindo em um ambiente cheio de xixi e cocô, com fome, sede e muito assustados.

Crédito: ativistas
Crédito: ativistas

Apesar de tantos amigos que morreram lá todos os dias, os ativistas conseguiram salvar 178 Beagles iguais a mim. Alguns estavam doentes demais e acabaram morrendo de câncer depois. No entanto, a maioria está feliz e saudável com seus novos pais e tutores, que acreditaram no trabalho dos ativistas!

Eu, que nunca tinha visto a luz do sol, hoje corro atrás dela! Fico deitado de barriga para cima por horas, todo feliz, aproveitando o seu calor. Nada como a luz quentinha!

Ah! Também aprendi a mastigar e comer ração, porque lá nunca havia mastigado nada. A única coisa que eu ‘comia’ era uma pasta que não matava a minha fome.

Fui adotado por uma família maravilhosa, que já tinha um cachorro idoso: o Romeu. Ele tem 15 anos e possui problemas de visão e audição. E é meu melhor amigo! Minha família também tem dois meninos, o Victor, de 14 anos, e o Gabriel, de 10 anos. Considero eles meus pais!

Eu e meu pai Victor Max
Eu e meu pai Victor Max
Eu e meu pai Gabriel Max
Eu e meu pai Gabriel Max

Hoje sou um cachorro feliz, amado e muito folgado! Sinto que sou o dono da casa e tenho até uma conta no Instagram. E mesmo tendo mastigado alguns dos sapatos e roupas da minha família, eles me amam e cuidam de mim como um filho: durmo na cama, sou bem alimentado e até abro a geladeira para roubar comida! Mas essa história eu continuo na semana que vem – até lá, terei aprontado muito mais!

Crédito: @goiababeagle
Crédito: @goiababeagle
Crédito: @goiababeagle
Crédito: @goiababeagle

Conheçam meu Instagram: @goiababeagle.

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