De acordo com o diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care, Marcelo Quinzani, o período de chuvas deve elevar o número de casos de leptospirose em pets. A bactéria leptospira interrogans é eliminada na urina dos animais doentes ou portadores e bastante sensível ao sol e ambiente seco, porém sobrevive em ambientes úmidos e sem sol. “A água das chuvas ajuda na disseminação da bactéria que, quando entra em contato com mucosa ou pele com ferimentos, passa a contaminar um novo indivíduo”, explica.
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Segundo a Secretária Municipal de Saúde de São Paulo, no ano de 2011 a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde) recebeu 1.714 notificações de casos de leptospirose, porém, 262 confirmados, e entre eles foram registrados 37 mortes. Apesar de não fazerem parte das estatísticas, os animais de companhia podem ser afetados pela doença. “Os roedores são reservatório da doença, ou seja, possuem a leptospira, mas não ficam doentes. Eles se alimentam de restos de comida, rações ou mesmo de fezes de animais e podem deixar sua urina nestes locais favorecendo a contaminação dos animais de companhia”, alerta Quinzani. O especialista diz ainda que o animal doente também passa a eliminar a bactéria pela urina. Assim, o contato com essa urina, água contaminada, utensílios contaminados ou sangue do animal doente pode transmitir a doença a humanos e a outros cães.
Os primeiros sintomas da doença são febre, depressão, perda do apetite, vômito, desidratação, mucosas congestas, icterícia, urina escura e dor renal ou muscular. Esses dois últimos podem ser notados nos animais através da mudança de comportamento. “Na evolução da doença, observa-se insuficiência renal, insuficiência hepática, hemorragias, lesões na pele e hematomas pelo corpo, úlceras na boca e língua e, em casos raros, necrose na ponta da língua. Ocasionalmente, observa-se aborto, meningite e a inflamação intra-ocular comprometendo total ou parcialmente a íris”, completa.
Ao notar estes sintomas em cães e gatos, mesmo que eles não tenham tido contato com água de alagamento ou enchentes, procure imediatamente um médico veterinário e isole outros animais da casa. “Se o animal realmente estiver doente e não receber o tratamento adequado certamente virá á óbito”, diz. “Em caso de confirmação da doença, a família deve também procurar orientação com um infectologista sobre os cuidados e exames necessários para as pessoas que tiveram contato com esse animal”.
Outra dica importante e alimentar o animal em horários determinados, não deixando a ração à vontade e retirando os restos depois que o animal terminar a refeição, pois os restos de alimento atraem os roedores. “Lavar o ambiente dos cães com cloro; evitar acúmulo de lixo e restos de comida que atraem os roedores; não permitir o acúmulo de água parada ou ambientes úmidos e fechar buracos entre telhas e rodapés também são atitudes que auxiliam no controle de roedores”, complementa.
Para Quinzani, as medidas preventivas são simples e incluem cuidados com a saúde, alimentação e com o ambiente em que o animal vive. A imunização anual ou semestral dos cães está no topo da lista de providências a serem tomadas. “O mercado disponibiliza várias opções de vacina que incluem a proteção contra a doença”, esclarece.