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Deficientes visuais brasileiros trazem cães-guia do exterior

O Brasil tem cerca de 60 cães-guia para 1,4 milhões de deficientes visuais, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia divulgado em 2010. Um número que resume as dificuldades dos deficientes visuais em conseguir um animal treinado que possa dar autonomia e facilidades de locomoção aos seus donos.

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Para se tornar um cão guia, o animal passa por um treinamento rigoroso, que se inicia desde o nascimento, quando eles são submetidos a um processo de seleção genética e comportamental.

A partir do terceiro mês, o cão é encaminhado para voluntários, que atuarão como famílias socializadoras. Neste período, o animal irá para locais públicos, como parques, ruas, restaurantes, lojas, ônibus e metrô. O objetivo desta convivência com outras pessoas é familiarizar o animal a outros ambientes. Nesta fase do treinamento a família recebe a orientação técnica para o animal não ser criado como bicho de estimação.

Quando completar um ano de vida, o cachorro será novamente examinado por um veterinário, que indicará se o cão está apto para receber o treinamento específico para cão-guia. Essa parte do processo pode durar até um ano.

Quando completar dois anos, o animal é apresentado ao seu futuro dono, escolhido previamente por uma seleção. Ambos passarão por uma fase de adaptação. A harmonia dos dois é natural e se por caso o cão não for bem tratado, o animal será retirado do utilizador e encaminhado para um novo dono. Mas se a sintonia for perfeita, o cão poderá ficar com seu dono até completar no máximo oito anos, época em que deve ser aposentado. A partir deste período o dono pode optar por ficar com ele como animal de estimação.

Apesar de todo o tratamento específico dado ao cão-guia, ele também recebe orientações de seu dono após a adaptação, que inclui uma alimentação regular e saudável, visitas regulares ao veterinário e uma reciclagem no treinamento, que pode ser feita anualmente.

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As pessoas que se cadastram nos programas específicos para conseguir um cão-guia sabem que mesmo tendo condições de pagar pelo treinamento – no Brasil, o custo é em torno de 25 mil reais – irão esperar por tempo indeterminado a disponibilidade de um animal. Muitas vezes por falta de recursos, as ONGs não têm condições de entregar uma quantidade considerável de cães, quantidade em torno de quatro cães, quando o desejável seria 25. Um número muito pequeno se comparado as mais de 300 pessoas que estão nas filas de espera.

Outra saída é tentar trazer um cão do exterior. Mas como os gastos aumentam devido às despesas com a viagem, cobertura do período de adaptação e o valor simbólico cobrado pelo animal, o número de pessoas que pode optar por esta alternativa é muito pequeno. E mesmo assim, em outros países a dificuldade em se conseguir um cão treinado talvez seja igual ou até mais difícil do que no Brasil.

O cão-guia é um importante recurso para pessoas com deficiência visual. Ele contribui para a inclusão social e profissional de muitas pessoas, além de facilitar o deslocamento e o desvio de objetos acima do chão. Com a ajuda deles, o dono tem um domínio maior do espaço que está à sua frente, sempre se antecipando graças à ajuda do animal.

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