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Animais de laboratório irão para adoção nos Estados Unidos

Animais testados em laboratório pela Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano equivalente à Anvisa no Brasil, acabam de ganhar a chance de uma vida nova. De acordo com uma nova medida, após o término das pesquisas, essas cobaias poderão ser adotadas. Antes, o destino de todas elas – mesmo as saudáveis – era a eutanásia.


Beagles usados em pesquisas nos Estados Unidos terão a chance de um novo lar (Stock Photos)

Cães, gatos, coelhos, porquinhos da índia e alguns animais de fazenda, caso estejam saudáveis ao final do ciclo de pesquisas, poderão ser encaminhados a abrigos para que tenham a oportunidade de um novo lar.

A decisão foi tomada em novembro do ano passado, mas não foi divulgada publicamente pelas autoridades. “O FDA tem uma política interna para a realocação de animais de pesquisa após a conclusão dos estudos, mas a medida não foi a público até agora”, disse Monique Richards, porta-voz da agência.

O FDA aposentou 26 macacos envolvidos em um estudo sobre nicotina, em janeiro de 2018. Os primatas foram mandados para o estado da Flórida, para um período de readaptação. Eles devem ser devolvidos ao meio ambiente este mês. Esta foi entendida como a primeira atitude da entidade e favor do bem-estar dos animais de laboratório.

Coelho usado em pesquisas (Stock Photos)

A medida segue ações semelhantes tomadas pelo Departamento de Assuntos dos Veteranos (VA) e pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e foi elogiada pelos políticos em Washington. Os legisladores estavam pressionando os governantes para novas leis de proteção aos animais de laboratório.

“Não há razão para que animais de pesquisa regulamentados, adequados para adoção ou aposentadoria, sejam mortos por nossas agências federais”, disse a Senadora Susan Collins (do estado do Maine). “Estou satisfeita que o FDA tenha se unido a outros órgãos para a promulgação de uma política de aposentadoria de animais de laboratório.”

Collins introduziu a Lei de Liberdade Animal de Testes, Experimentos e Pesquisa em 2019. A medida bipartidária tem oito co-patrocinadores, incluindo a Senadora Elizabeth Warren (de Massachusetts), mas não saiu do comitê.

A legislação, que tem um projeto de lei tramitando na Câmara, exigiria que os laboratórios federais colocassem certos animais em abrigos de resgate e santuários de aposentadoria após a conclusão de estudos e pesquisa.


Animais de testes durante estudo (Stock Photos)

“Durante anos, trabalhei para acabar com os testes em animais e fiquei perturbado com a quantidade de cobaias mortas no final das pesquisas, mesmo que existissem indivíduos, abrigos e santuários prontos para recebê-los”, contou o deputado Brendan Boyle (da Pensilvânia), patrocinador da medida.

O projeto de Boyle tem 13 republicanos entre seus 61 co-patrocinadores. A medida estenderia políticas a outras agências governamentais. No ano fiscal de 2018, a FDA informou que 1.929 animais regulamentados pelo Conselho de Bem-Estar Animal foram usados ou criados para experimentos. Pelo menos 27% dos animais sofreram algum tipo de dor ou angústia durante os experimentos, de acordo com registros da agência.

“Apesar do trauma que esses animais experimentam, eles ainda deveriam ter uma segunda chance, após serem liberados do laboratório”, disse Justin Goodman, vice-presidente do White Coat Waste Project, grupo que visa interromper experimentos financiados pelos contribuintes envolvendo animais.

“Os animais que serão adotados precisarão ir para novos lares ou serem transferidos para santuários, onde terão tempo e suporte se adaptarem ao convívio social“, disse Goodman, acrescentando que a maioria dos animais afetados nunca esteve fora dos laboratórios desde os primeiros dias de vida.

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