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Irã proíbe cães em locais públicos

O Irã, país do Oriente Médio, proibiu a presença de cães em locais públicos, como parques e ruas, de sua capital, o Teerã.

O chefe de polícia, Hossein Rahimi, teria dito ao Young Journalists Club (YJC), a agência de notícias local, que o Gabinete do Procurador de Teerã havia dado seu aval para a nova medida.

Segundo ele, o movimento deve-se ao fato de os cães “criarem medo e ansiedade” entre as pessoas que transitam por estes locais.

“Recebemos a permissão do Ministério Público de Teerã e tomaremos providências contra aqueles que passearem com cães em locais públicos“, disse Rahimi.

Fatemeh, de 33 anos, que pediu que seu sobrenome fosse revelado por medo de retaliações, tem andado com seu cão Peaky no topo do prédio de apartamentos em que vive. “Não é a primeira vez que somos avisados. Sempre tivemos que ser cautelosos ao andar com nossos animais de estimação”, disse Fatemeh.

O oficial acrescentou ainda que as pessoas também estão proibidas de dirigirem carros tendo cachorros como passageiros. “Se isso for observado, ações sérias serão tomadas contra os proprietários dos veículos”, disse ele.

Com medo de que seu cachorro fosse capturado pela polícia depois do novo regulamento, Fatemeh decidiu nem dirigir com Peaky no carro. “Antigamente, você se sentia seguro se levasse seu cachorro no carro, agora já não sabemos mais o limite dessa segurança“, disse ela.

Fatemeh se diz feliz por ter um quintal para passear com Peaky, mas sabe que os cães sem este privilégio não terão liberdade. “Os coitados ficarão deprimidos, é cruel”, disse ela.

Ela conta que uma vez, uma mulher vestindo um xador – um longo véu preto usado principalmente por mulheres religiosas ou conservadoras – pediu-lhe para tirar Peaky de um parque onde seu filho brincava, chamando o cão de “impuro”.

Ter cães como animais de estimação não faz parte da tradição islâmica. No entanto, o hábito tornou-se cada vez mais popular, especialmente entre a classe média iraniana. Os radicais religiosos veem este fato como uma intervenção da cultura ocidental.

Em árabe, os cães são chamados de “najis”, um termo técnico religioso que significa “impuro”. A tradição diz que, ao tocar um cachorro com a mão molhada, precisará lavá-la três vezes antes de orar. A palavra tornou-se parte da língua farsi e da cultura iraniana.

No entanto, há outras versões para tal imposição. Muitos acreditam que a nova restrição surgiu depois que da viralização de uma notícia há duas semanas sobre uma menina de 10 anos gravemente ferida por um cão solto em Lavasan, uma cidade a nordeste de Teerã.

Muitas das mídias sociais se aliaram aos amantes de animais e aos donos de cães, defendendo que eles encontrassem uma maneira de driblar as medidas restritivas e pedindo às autoridades que autorizassem as pessoas a passearem com pets em locais previamente determinados.

“É errado culpar a todos pela atitude de uma pessoa”, diz um tweet. A postagem tem a foto de um cachorro com uma coleira na boca, com a legenda: “Aprovem leis para passearem comigo. Meu dono e eu respeitamos as regras e as pessoas. ”

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